Esse cara tinha tudo pra ser alguém admirável. Ele é um cara vencedor por estar vivo... É um cara trabalhador. Mas por essas idas e vindas da vida algo se perdeu e eu nem faço idéia em que momento exato isso aconteceu.
Nunca idealizei esse cara, pois a verdade sempre me foi apresentada nua e crua... Por muitos anos, a visão que eu tinha desse cara me fez ter aversão à palavra “casamento”. Eu na minha inocência achei por alguns momentos que o casamento era aquilo. Aquilo que o cara vivia, sabe? Não entendia como nas novelas, nos filmes as histórias de amor eram tão bonitinhas e na vida daquele cara tudo era tão estúpido, arrogante, desrespeitoso... Com o passar dos anos descobri sozinha e através de outros professores que a vida colocou na minha vida que o casamento pode ser tudo aquilo que as pessoas sonham e que eu também sonho e que na verdade o cara era “a exceção dessa regra”.
Acho que os pais desse cara não souberam criá-lo, ou não estavam preparados para serem pais, ou então antigamente as coisas eram assim “largadas” mesmo e cada filho crescia do jeito que tinha que ser, sem muito cuidado e deu nisso... Mas a culpa não é bem dos pais dele. Ao menos eu não penso assim, pois esse cara poderia ter sido diferente... Poderia não ter gostado desse comodismo que a família o criou... Poderia ter buscado ser alguém melhor, porém eu já pensei também que ele nem tinha parâmetro pra saber o que era melhor. Às vezes as pessoas estão imersas de tal forma num contexto que não há nada que a faça enxergar do lado de fora da caixinha em que vive... Ele viveu em contato com outras pessoas, no trabalho, no colégio, vizinhos... Sei lá, eu ainda acho que tudo poderia ser muito diferente. Faltou uma força de vontade... Faltou um empurrãozinho e uma mente mais receptiva.
Desde que me conheço por gente esse cara tem algum vício... Há uns 20 anos atrás esse cara bebia cachaça e fumava... Depois de uns anos o cara abandonou o cigarro pra alivio de sua família. Porém continuou com o alcoolismo. Parte desse alcoolismo é culpa do pai desse cara... Quando o cara ficou doente e teve que parar de beber, houve uma festa de casamento do irmão dele, e o pai dele falou que ele poderia beber um pouquinho de cerveja... Disse que não haveria problema e desde então ele foi aumentando as doses... Aumentando... O pai dele viajou para perto de Deus e já deve estar lá em outro plano fazendo o bem à outras pessoas, pois mesmo com todos os defeitos dele, ele sempre teve um bom coração. E esse cara ao invés de seguir o exemplo do pai, vem se enfiando cada vez mais no alcoolismo e não admite ser alcoólatra. Não aceita ajuda.
Tenho muita cisma com bebida... Cresci vendo isso e o mal que isso faz. Eu prefiro me divertir sem bebida... Sei que não sou dependente disso, mas a bebida em si tem um gosto amargo pra mim. Será que to me expressando bem? Sei lá, não acho graça. Gosto apenas de espanhola e bebo super pouco porque gosto do sabor e não porque eu goste de me sentir zonza. Pra outros jovens da minha idade, beber é o maior barato e eu não vejo a menor graça nisso... As poucas vezes que bebi além da conta foi por estar me sentindo muito triste.
Sei lá, já vi tanta coisa... Esse cara é o meu pai... Vim escrevendo em terceira pessoa para que o leitor fique viajando e tentando descobrir de quem eu to falando... ahuahauha É, eu sou besta mesmo... Enfim...
A forma do meu pai amar é diferente... Acho que ficaram algumas mágoas desde que eu era muito pequena, pois a minha inteligência era menosprezada e meu pai achava que eu era manipulável. Santa ingenuidade a dele... Enfim, já passei por cima de algumas barreiras, mas ainda há muitas barreiras para que eu me aproxime mais dele. Amadureci muito cedo por causa disso também...
Em muitos momentos é como se fossemos estranhos, pois nos conhecemos muito pouco. Eu o amo de um jeito diferente também. Faço o que posso pra tentar amenizar as coisas, mas a estupidez, arrogância e grosseria, eu não suporto e muitas vezes eu não agüento mais ficar quieta... Às vezes acho que eu mimo ele, dou coisas que ele não merece... Relevo coisas que escuto pra não arrumar mais confusão e tal. Mas é bem difícil... Andei lendo alguma coisa sobre como lidar com as pessoas doentes de alcoolismo e realmente é muito complicado... Eu não sei lidar com esse aspecto de “coitadinho”, de “vítima” da situação... Sei lá, a vida é feita de escolhas... Ele fez as dele, certo ou errado? Não sei... Mas ele deve saber.
Esse assunto foi um tabu por muitos anos na minha vida. Eu não conseguia falar sobre isso... Com o passar dos anos, o amadurecimento, Deus, os professores que a vida colocou no meu caminho, todas essas coisas tem ficado mais leves dentro de mim. Tenho tirado um pouco desse peso de “culpa” das minhas costas. Sei lá, por alguns momentos desde minha infância cheguei a sentir culpa por essa situação toda, pelo casamento mal sucedido dos meus pais e tal. Hoje eu sei que não tem nada a ver e que se tiveram motivos pra isso, foram vários e não o nascimento de uma filha mulher. [É, meu pai, meus tios, meu avô queriam um filho/sobrinho/neto homem. Que ironia da vida, né? Puts... kkkkkk].
E eu então... Filha do cara e da mina... (ahuahuaha) Como saí assim? Por isso eu falo que a explicação para as características das pessoas não vem somente dos pais e da criação... Vai da pessoa também. Esse lance do meu pai me preocupa bastante até porque isso é um fator forte que desestrutura tudo dentro de casa quando ele não está bem. Às vezes sinto necessidade de falar sobre esse assunto com pessoas que estão de fora do problema pois elas enxergam coisas que eu não vejo. Porém raramente tem alguém disponível pra falar dessas coisas. As pessoas hoje em dia têm pressa... As pessoas são egoístas e os problemas delas sempre são mais importantes que os seus. É isso, às vezes eu tenho essa necessidade de falar e ouvir opiniões.
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